Projeto visa garantir qualidade da água do Arroio Fundo para consumo humano

por Cristiano Marlon Viteck publicado 10/08/2021 10h00, última modificação 10/08/2021 10h00
Rio vai auxiliar no abastecimento da sede rondonense
Projeto visa garantir qualidade da água do Arroio Fundo para consumo humano

Previsão dé captar 150 litros de água por segundo no Arroio Fundo

 

Definido como manancial que, em breve, vai integrar o sistema de abastecimento da sede de Marechal Cândido Rondon, o Arroio Fundo deverá ser monitorado por meio do Programa de Resiliência Hídrica e de Manutenção da Qualidade e Quantidade da Água. É o que prevê o projeto de lei 22/2021, de autoria do vereador Rafael Heinrich, que começou a tramitar ontem (09) no Poder Legislativo.

A matéria foi baixada para análise e pareceres das quatro comissões permanentes da Câmara de Vereadores.

Conforme explica o autor do projeto, “o objetivo é instituir diretrizes e ações específicas que contribuam para o controle das práticas realizadas no entorno do Arroio Fundo”.

Para tanto estão previstas ações técnico-administrativas e operacionais. Entre elas inclui-se o diagnóstico situacional do Arroio Fundo, com mapeamento dos riscos de contaminação associados às atividades da agricultura e pecuária intensivas realizadas próximas às nascentes e ao leito do rio, com avaliação de todos os pontos de entrada de efluentes.

O projeto de lei também prevê que o Poder Público Municipal estimulará o reflorestamento com espécies nativas para proteger as áreas onde estão localizadas as nascentes. A construção e manutenção de curvas de nível nas propriedades rurais também estão garantidas.

Ao mesmo tempo, está prevista a conscientização dos proprietários de áreas rurais localizadas próximos do Arroio Fundo, e a realização de ações mitigadoras e promotoras para manter a qualidade e quantidade de água do rio, que passará a ser distribuída à população através da rede do Sistema Autônomo de Água e Esgoto (Saae).

As ações do programa deverão se dar por meio de gestão participativa, integrando setores da sociedade civil organizada com as diversas instâncias governamentais.

Com a instalação da Estação de Tratamento de Água no Arroio Fundo, prevista para começar a funcionar nos próximos meses, pretende-se garantir a captação de 150 litros de água por segundo.

Proibições

A fim de garantir a manutenção da qualidade e quantidade daquela água, Rafael Heinrich adianta que o projeto de lei estabelece também algumas proibições.

Entre elas está o desmatamento e degradação ambiental, aterro, obstrução e outras ações que descaracterizem os ecossistemas locais; realizar obras que importem ameaça ao equilíbrio ecológico; uso de agrotóxicos ou produtos químicos nas áreas de mananciais e lançar efluentes sem o prévio tratamento; criação de novos confinamentos de animais nas margens do manancial; além do impedimento de qualquer nova atividade agropecuária que tenha demanda maior de 1.000 litros/hora.

O texto em tramitação na Casa de Leis ainda prevê que as atividades potencialmente poluidoras já existentes na área de manancial, deverão estar com os licenciamentos ambientais estaduais vigentes conforme cada atividade específica, através do Instituto Água e Terra – IAT.

Seca

A necessidade de uso de água do Arroio Fundo para o abastecimento da sede municipal foi forçada pelos atuais longos períodos sem chuva.

Na justificativa ao projeto de lei, Rafael Heinrich destaca que dados do Saae revelam que o município vive, atualmente, uma das suas maiores estiagens, quando comparados aos anos anteriores.

Entre janeiro e novembro de 2020 foram contabilizados 1.036 milímetros de precipitações, quantidade menor do que no mesmo período de 2019, que também foi um ano de estiagem, no qual foi contabilizado 1.531 milímetros de chuva.

O Saae registra mensalmente os índices de chuvas desde 1964. “Quando analisamos a média anual, observamos que as precipitações ao longo destes 56 anos, só foram menores em 1978, quando a média anual foi de 998 milímetros”, ressalta o vereador.

A atual seca tem obrigado o Saae a buscar alternativas para não deixar a cidade desabastecida. A situação é tão crítica que, nesta semana, a autarquia impôs novamente o racionamento de água.

 

CRÉDITO FOTO: O Presente